Tudo isto começou em 1913, quando um pesquisador russo, chamado Nikolaj Nikolajewitsch Anitschkow, alimentou alguns coelhos com grandes quantidades de gordura animal, com a finalidade de comprovar que o nível de colesterol desses pequenos mamíferos havia aumentado perigosamente por causa da gordura.
No entanto, o pesquisador russo ignorou o fato de que os coelhos não estão acostumados a comer laticínios, sendo assim, seus sistemas digestivos não poderiam lidar com a quantidade gigante de gordura. Os seres humanos, entretanto, são perfeitamente capazes de digerir produtos lácteos.
Apesar disso, outros cientistas aceitaram a ideia e deram prosseguimento a ela. Em 1953, Ancel Keys, um fisiologista americano, examinou dados de seis países diferentes e alegou ter descoberto uma forte ligação entre a gordura saturada e doenças cardíacas e diabetes.
Porém, Keys ignorou os relatórios clínicos de países europeus, como Espanha e França, onde as dietas tradicionais são ricas em gorduras, mas as taxas de doenças cardíacas são baixas. Assim, ele alegou que não podia encontrar dados seguros para incluir esses países em seu estudo, além disso, essa pesquisa causou um medo generalizado das pessoas a respeito das gorduras saturadas, presentes na gordura animal.
Há três anos, um estudo publicado pelo British Medical Journal, mostrou que os homens australianos de meia-idade que tinham seguido os “conselhos de saúde”, comendo margarina em vez de manteiga, tiveram maiores taxas de mortalidade quando comparadas aos que comeram manteiga. Uma explicação para isso é que a margarina é rica em ômega-6, e níveis elevados dessa gordura no corpo podem causar inflamação, que pode, por sua vez, resultar em doenças cardiovasculares.
No ano passado, um uma grande revisão de pesquisas feita pela publicação científica BMJ Open Heart, derrubou 30 anos de “conselhos de saúde” que diziam para evitar manteiga e leite integral. Especialistas disseram que o conselho – de que gorduras saturadas, como manteiga, deveriam compor apenas 10% de nossa ingestão calórica diária – “não deveria ter sido introduzido”. Isso porque, a gordura saturada, ingerida em pequenas quantidades por organismos saudáveis não é tão maléfica quanto se dizia.
Enquanto que o jogo parece ter virado a favor da manteiga, a margarina – que primeiramente recebeu diversas críticas sobre o processo fabricação que envolvia o uso de gorduras trans, muito mais nocivas do que as saturadas – segundo um estudo publicado pela revista Nature, está no meio de uma nova polêmica relacionada às substâncias químicas usadas em sua produção.
Os emulsionantes, que servem para deixá-la mais cremosa e suave, podem perturbar o equilíbrio natural de bactérias vitais para o funcionamento do nosso intestino, causando inflamações e acúmulo de níveis perigosos de peso, aumentando assim, o risco de doenças cardíacas e diabetes – as mesmas doenças que passamos décadas tentando evitar através do uso da margarina ao invés da manteiga.
No entanto, isso não significa que você deve sair por aí comendo manteiga a torto e direito. Segundo o nutrólogo Roberto Navarro, em uma entrevista para o IG saúde, ela deve ser comida com moderação – cerca de uma colher de sobremesa por dia – e apenas se você não estiver com o colesterol alto.
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