A hiperactividade é estar num estado de mexer muito, de movimento constante, sem controlar. Quando estamos assim, temos mais dificuldade em estar atentos às coisas que nos rodeiam.
Há momentos em que não conseguimos aguentar toda a energia que temos dentro do corpo. Há dias em que somos capazes de correr sem parar, fazer um sprint de bicicleta ou simplesmente dar uns berros e a seguir, como que por magia, parece que ficamos mais aliviados, mais serenos.
O que é a Hiperatividade!
A Hiperatividade não é falta de concentração por falta de empenho ou um comportamento indisciplinado resultante da educação dada pelos pais. Se os pais de crianças sem Hiperatividade ou Deficit de Atenção, se empenhassem da mesma forma que os pais de crianças Hiperativas na educação dos seus filhos, todos eles seriam uns génios, super bem educados e extremamente organizados.
Educar ou viver com alguém com Hiperatividade é um desafio enorme e os familiares, amigos e colegas de pessoas com Hiperatividade deveriam de receber o devido mérito. A Hiperatividade também não é uma condição psicológica que se uma pessoa realmente quisesse era pontual e organizada ou que passa com a ajuda dum psicólogo. Pedir a uma pessoa Hiperativa para se concentrar e organizar é a mesma coisa que pedir a uma pessoa com miopia para se esforçar mais e tentar ler sem óculos ou pedir a um coxo para correr mais depressa. É impossível e está fora do controlo da pessoa com Hiperatividade.
- Lobos Frontais – Os 2 lobos frontais são as partes do cérebro menos desenvolvidas nos hiperativos. Para além de serem mais pequenos, a comunicação entre neurónios, o uso do glicogénio e oxigénio e a circulação sanguínea nesta parte do cérebro é pouco eficiente. As principais funções dos lobos frontais são a atenção, tomada de decisões, planeamento, organização, resolução de problemas, consciência e controlo de emoções.
- Corpo Caloso – Canal de comunicação entre o hemisfério esquerdo e direito do cérebro, constituído por mais de 200 milhões de fibras nervosas
- Gânglios da Base ou Núcleos da Base – Responsáveis pelo movimento, controlo dos músculos, aprendizagem, coordenação para além de desempenharam um papel muito importante no controlo da impulsividade, na intenção dos movimentos e controlo dos movimentos voluntários. Para além de terem, a par dos lobos frontais, a responsabilidade de regular o sistema de recompensa do cérebro.
- Cerebelo – Também conhecido como pequeno cérebro, é responsável pelo controlo motor ou seja tudo o que está relacionado com os movimentos do corpo humano. Mas muitos estudos recentes começam a provar que também tem um papel muito importante na linguagem, memória, atenção e regulação das emoções
- Sistema Dopaminérgico – Falta de e/ou Recaptação Precoce do Neurotransmissor – Dopamina
- Sistema Noradrenérgico – Falta de e/ou Recaptação Precoce do Neurotransmissor -Noradrenalina
Mas também pela menor e menos eficaz atividade elétrica, menor circulação sanguínea no cérebro e má gestão da glucose que é o principal combustível do cérebro.
Tudo isto leva a que haja uma má comunicação entre neurónios, má comunicação e falta de sincronização entre as várias partes do cérebro.
Tipos de Hiperatividade
Percentagem de Crianças & Adultos Com Hiperatividade
A Hiperatividade é atualmente a “desordem mental” mais diagnosticada em crianças, estimando-se que 7 a 8% de todas as crianças sejam Hiperativas, num total de 100 mil crianças em Portugal.
As estatísticas indicam que cerca de 40% das crianças diagnosticadas deixam de ter sintomas durante a adolescência ou seja o cérebro, com a ajuda de fatores ambientais, “encontra o caminho” para o normal desenvolvimento.
O que significa que os outros 60% vão continuar a ter os sintomas da Hiperatividade durante a vida adulta.
A maior parte dos adultos Hiperativos não sabem que a têm porque sempre se pensou que a Hiperatividade desaparecia durante a adolescência mas continuam a enfrentar os desafios diariamente.
Em muitos casos não é muito evidente porque a pessoa desenvolveu estratégias para lidar com e minimizar as consequências dos sintomas.
Percentagem da Hiperatividade Entre os Sexos
Em relação à percentagem entre os sexos, parece não existir um consenso, no entanto aponta-se para um valor a rondar os 60% sexo masculino e 40% sexo feminino por 2 razões:
- A vertente da impulsividade, que representa um comportamento com maior expressão exterior à pessoa, está mais presente/é mais visível nos rapazes dai a perceção de haver mais Hiperativos do sexo masculino
- As crianças, adolescentes e adultos do sexo feminino são condicionadas pela família e sociedade para terem um comportamento mais discreto e serem mais recatadas, logo disfarçando os sintomas da Hiperatividade
Co-Existências da Hiperatividade
Pelo menos 50% das crianças, adolescentes e adultos com Hiperatividade têm outro tipo de desordem em simultâneo a que se dá o nome de co-existência. As desordens que normalmente co-existem com a Hiperatividade são:
- Comportamento perturbador, destabilizador e/ou desafiante
- Doença Bipolar
- Depressão
- Ansiedade
- Dependência de Álcool ou Drogas
- Dificuldades de Aprendizagem
- Síndroma de Tourette
Tome Nota:
Sabes que estás com um problema em dominar a tua energia e atenção, quando sentes em ti isto:
- vontade de te mexer nas aulas, as mãos, os pés, as pernas, sentes que não consegues parar o teu corpo;
- há matéria das aulas que não te lembras;
- triste e culpado por não seres capaz de fazer o que os teus pais querem;
- os professores nunca dizem bem de ti, têm sempre queixas, dizem que falas muito, não terminas as tarefas, estás sempre a interromper e és distraído e precipitado;
- há colegas da turma que não gostam de ti;
- ninguém compreende o que sentes, o que queres;
- Medo e pressão;
- o melhor da escola são os recreios, os intervalos, falar, divertir e as aulas de Educação Física.
Medicação?
As crianças portuguesas até aos 14 anos tomam mais de 5 milhões de doses por ano de psicofármacos da família das anfetaminas, como a Ritalina? Quem o diz é a Direção Geral da Saúde. Estes médicos e farmacêuticos querem tratar os problemas da desatenção, hiperatividade ou impulsividade. Mas sabias que a forma de diagnosticar e tratar este problema muda conforme o país onde estás? Ora vejamos, pelo menos 9% das crianças norte-americanas em idade escolar foram diagnosticadas com PHDA e estão medicadas, enquanto que, na Europa, em França a percentagem desce para 0,5%. Cada vez mais sabemos que existe uma forma imperfeita de perceber aquilo que são as energias naturais de uma criança.
Causas sociais que influenciam o comportamento e provocam sofrimento? Causas biológicas que explicam o desequilíbrio químico cerebral? Ou o mais importante é apenas esconder os sintomas, não importam as causas? O comportamento é uma doença? As dificuldades comportamentais são uma doença? Temos um problema ou somos diferentes? É demasiado importante dar as respostas certas a estas questões antes de influenciar os neurónios logo desde cedo com comprimidos. Alterando o modo do cérebro funcionar, alteramos a forma da Mente funcionar, alteramos a forma como a pessoa é, como vai ser, deixa de ser ela própria para passar a ser o resultado daquilo que os medicamentos fazem com ela.
Cada vez mais, a sociedade, com os ritmos que impõe, obriga a estarmos durante muitas horas seguidas num mesmo espaço, com as mesmas pessoas, a receber o mesmo tipo de estímulos no cérebro. À medida que o tempo vai passado, substituímos apenas a escola, pelo emprego. Ao final do dia, cada casa portuguesa recebe adultos impacientes e cansados e crianças com energia acumulada de horas sentadas nas cadeiras da escola. Há tarefas em casa para cumprir, há deveres da escola para fazer. As interações levam algumas vezes a birras, berros, discussões e lágrimas.
COMO AJUDAR NA PHDA?
A mudança no comportamento da criança vai acontecer se tudo o que a envolve também mudar. Aqui, a ajuda psicoterapêutica é muito importante porque vai ajudar a criança a libertar-se dos seus medos e tristezas. Mas é a família e a escola que envolvem a criança que têm de alterar as suas estratégias de ação. A Psicoterapia ajuda também a família a encontrar caminhos mais assertivos na gestão do comportamento errado.
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